Centro de Línguas da E.E.RUI BLOEM, AV. J0SÉ MARIA WHITAKER, 1221 – FONE 22754918 - Cursos direcionados para alunos da rede estadual. O Centro de Línguas oferece cursos para alunos da rede estadual que estejam cursando a partir da 6ª Série do ensino fundamental (regular, supletivo ou técnico). O aluno não precisa estar matriculado na escola RUI BLOEM, mas em qualquer escola da rede estadual. Documentos necessários:→ cópia do RG, cópia da certidão de nascimento, atestado de escolaridade e 1ª foto 3x4.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CENTRO DE LÍNGUAS
O CENTRO DE ESTUDOS DE LÍNGUAS (CEL) É UM PROGRAMA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO DE SÃO PAULO QUE TEM POR OBJETIVO PROPORCIONAR AOS ALUNOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS UMA POSSIBILIDADE DIFERENCIADA DE APRENDIZAGEM DE VÁRIAS LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS.
PÚBLICO-ALVO
ALUNOS MATRICULADO NA REDE ESTADUAL DE ENSINO A PARTIR DO 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MÉDIO, EJA OU ENSINO MÉDIO DO CENTRO PAULA SOUSA.
LÍNGUAS OFERECIDAS
ESPANHOL,FRANCÊS,JAPONÊS,ALEMÃO,ITALIANO,INGLÊS ( VERIFIQUE QUE IDIOMAS SÃO OFERECIDOS NO CEL DA SUA REGIÃO).
INSCRIÇÕES
AS INCRIÇÕES SERÃO REALIZADAS SEMESTRALMENTE.
DOCUMENTOS: ATESTADO DE ESCOLARIDADE NA REDE ESTADUAL - XEROX DO RG E UMA FOTO 3X4.
CENTRO DE LÍNGUAS RUI BLOEM
AV JOSÉ MARIA WHITAKER 1221
FONE 22754918

domingo, 8 de setembro de 2013


Ejercicios con el  verbo gustar

A mí me gusta la música y a él le gustan los deportes.

1. A María _____ _____ las naranjas y a mí _____ _____ el melón.
2. A ellos no _____ _____ los carros pequeños, ______ ______ los grandes.
3. A nosotros _____ _____ los medianos. No ______ ______ los muy pequeños.
4. Señorita, ¿_____ _____ las flores? Sí, _____ ______ mucho.
5. ¿Qué flores _____ _____ a usted? _____ _____ las rosas.
6. Juan ¿qué _____ _____ hacer los sábados? _____ _____ jugar al tenis.
7. ¿ _____ _____ los deportes a usted? Solo ______ ______ la natación.
8. ¿_____ _____ estudiar español John? Sí, pero no _____ ______ los verbos.
9. ¿Por qué no ____ ____ los verbos? Sin verbos no puede hablar.
10. ¡Es una broma! Claro que _____ _____ los verbos pero _____ _____ los regulares.

 
Respuestas
1. le gustan – me gusta
2. les gustan – les gustan
3. nos gustan – nos gustan
4. le gustan – me gustan
5. le gustan – me gustan
6. le gusta – me gusta
7. le gustan – me gusta
8. le gusta – me gustan
9. le gustan
10. me gustan – me gustan


domingo, 7 de julho de 2013

POETAS HISPANICOS

http://www.cubaeuropa.com/cubarte/poesia/PoesiaLatinoamericana.htm

SONETO DO AMOR TOTAL - VINICIUS - PORTUGUÊS/ESPAÑOL


Amo-te tanto, meu amor... não cante
Te amo tanto, mi amor...no cante
O humano coração com mais verdade...
El humano corazón con más verdad...
Amo-te como amigo e como amante
Te amo como amigo y como amante
Numa sempre diversa realidade
En una siempre diversa realidad
 
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
Te amo a fin de un calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Y te amo además, presente en la nostálgia.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Te amo, en fin, con gran libertard
Dentro da eternidade e a cada instante.
Dentro de la eternidad y a cada instante.
 
Amo-te como um bicho, simplesmente,
Te amo como un bicho,simplemente
De um amor sem mistério e sem virtude
De un amor sin misterio y sin virturd
Com um desejo maciço e permanente.
Con un deseo macizo y permanente.
 
E de te amar assim muito amiúde,
Y de amarte así, mucho y muchas veces
É que um dia em teu corpo de repente
Es que un día en tu cuerpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
He de morir de amar más de lo que pude.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

APÓCOPE


Definición de Apócope

        
Se define Apócope a la pérdida o desaparición de uno o varios fonemas o sílabas al final de algunas palabras (cuando la pérdida se produce al principio de la palabra se denomina aféresis, y si la pérdida tiene lugar en medio de la palabra se llama síncopa).

En español se apocopan tantoadjetivos como adverbios, sustantivos, verbos y determinantes.


Ejemplos de Apócope en Adjetivos Calificativos:

    bueno
buen: "buen día"
    malo
mal: "mal augurio"
    gr
ande gran: "gran carrera" (Excepto cuando anteceden los adverbios más o menos: "la más grande carrera")
    santo
san: "San Antonio"

Ejemplos de Apócope en Adverbios:

    Mucho
muy (apócope de muito, del latín multum). Esto sucede cuando precede a un adjetivo o a un adverbio, pero no ante más, menos, mejor y peor: "muy bajo, muy temprano".
    Tanto
tan y cuanto cuán. Los dos pierden la sílaba final ante adjetivos o adverbios: "tan bonito, cuán cercano", pero no ante una forma verbal, aunque en el lenguaje coloquial se haga a veces: "tan es así, tan era cierto". Las formas correctas son: "tanto es así, tanto era cierto".
    recientemente
recién

Ejemplos de Apócope en Adjetivos Cardinales:

    ciento
cien. Ciento se apocopa ante un sustantivo (aunque éste vaya precedido de un adjetivo): "Los cien estupendos libros", "Las cien mejores poesías". Se apocopa también cuando es multiplicador de mil: "Los Cien Mil Hijos de San Luis".
    uno
un. Se apocopa ante nombres masculinos: "Un artículo". También los cardinales compuestos de uno: "veintiún soldados".

Ejemplos de Apócope en Adjetivos Ordinales:

    primero
primer. Se apocopa delante de un sustantivo masculino singular: "Su primer libro no era tan bueno", "Su primer y único novio". Según la Real Academia Española, la apócope ante sustantivos femeninos es un arcaísmo que debe evitarse en el habla culta actual.
    tercero
tercer. Su uso es igual al de primer.

Ejemplos de Apócope en Sustantivos:

    bici
bicicleta
    foto
fotografía
    mini
minifalda
    moto
motocicleta
    nazi
nacionalsocialista
    radio
radiorreceptor, radioemisora
    tele
televisión

terça-feira, 4 de junho de 2013

CENTRO DE LÍNGUAS


MATRICULAS ABERTAS - CENTRO DE LÍNGUAS RUI BLOEM

O Centro de línguas da E.E.RUI BLOEM, AV. José MARIA WHITAKER, 1221 – FONE 22754918 , está com inscrições abertas para o 2º  SEMESTRE DE 2013. Os cursos são  direcionados para alunos da rede estadual.O Centro de Línguas oferece cursos para alunos da rede estadual que estejam cursando a partir da 6ª Série do ensino fundamental (regular, supletivo ou técnico). O aluno não precisa estar matriculado na escola RUI BLOEM, mas em qualquer escola da rede estadual.
Documentos necessários:→ cópia do RG, cópia da certidão de nascimento, atestado de escolaridade e 1ª foto 3x4.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dom Quixote de LA Mancha - RESUMO


Dom Quixote de La Mancha Resumo

      De tanto ler histórias de cavalaria, um ingênuo fidalgo espanhol passa a acreditar piamente nos efeitos heróicos dos cavaleiros medievais e decide se tornar, ele também, um cavaleiro andante. Para tanto, recorre a uma armadura enferrujada que fora de seu bisavô, confecciona uma viseira de papelão e se auto-intitula Dom Quixote de La Mancha. Como todo cavaleiro, ele precisa de uma dama a quem honrar. Elege então uma lavradora que só conhece de vista e a chama de Dulcinéia. Depois de tomar essas providências, monta em seu decrépito cavalo Rocinante e foge de casa em busca de aventuras.


      Após um dia inteiro de caminhada sob o sol, depara com uma estalagem, que em sua mente perturbada se converte num castelo, onde pede para ser ordenado cavaleiro pelo estalajadeiro, que quase não consegue conter o riso. No dia seguinte, ao investir contra o grupo de comerciantes que vê como adversários, cai de rocinante e tem seu corpo moído por pauladas. Um conhecido da aldeia encontra o cavaleiro, entre gemidos e lamentos, e o conduz novamente à sua casa. Seguindo aos conselhos do Pe. Tomás e do barbeiro Nicolau, a ama e a sobrinha queimam seus livros e lacram a porta da biblioteca.


      Enquanto todos acham que a estratégia da destruição dos livros havia sido um sucesso, Dom Quixote, pensando tratar-se de uma magia de algum cruel feiticeiro, resolve voltar à aventura, agora acompanhado do escudeiro Sancho Pança: um ingênuo e materialista lavrador, que aceita seguir o fidalgo pela promessa de uma ilha para governar.


      As viagens se sucedem sob a alucinação de quem está vivendo no tempo da cavalaria. Em suas andanças, Dom Quixote encontra moinhos de vento que confunde com gingantes. Arremete contra um dos moinhos, cujas pás, devido a um vento mais forte, lançam o cavaleiro para longe. O escudeiro socorre seu mestre. Dom Quixote não dando o braço a torcer, diz que o feiticeiro, ao notar que o cavaleiro estava vencendo, transformou os gigantes em moinhos.


      Mas adiante confundindo dois rebanhos de carneiros com exército de inimigos, avança contra os animais e mais uma vez é surrado, pelos pastores; além de ser pisoteado pelas ovelhas. No chão em meio ao estrume dos animais, ferido e desdentado, recebe do escudeiro a alcunha de O Cavaleiro da Triste Figura.


      No desejo de combater as injustiças do mundo e homenagear sua dama, o nobre e patético personagem segue viagem enfrentando situações supostamente perigosas e sempre ridículas: imagina gigantes em rodas-d`águas; vê um cavaleiro de elmo dourado em um barbeiro; ajuda criminosos a fugirem, pensando estar libertando escravos. De suas desventuras, restam-lhes sempre os enganos, as surras, as pedradas e as pauladas.


      À beira da estrada, o cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro encontram abrigo e deparam com o Pe. Tomás e o barbeiro Nicolau, amigos da aldeia onde moram e que estão à sua procura. Os dois convencem Sancho a ajudá-los e acabam levando, mais uma vez, e agora enjaulado, Dom Quixote para casa. Lá, cansado doente e abatido pelos reveses e pelas surras que levara, o fidalgo sossega. Até receber a visita do bacharel Sansão, que traz consigo um livro narrando as estranhas aventuras de Dom Quixote. Com a fama, o cavaleiro tem seu espírito aventureiro revigorado e mais uma vez, convencendo Sancho Pança a companhá-lo, parte para a estrada, ainda guiado pelo amor de Dulcinéia, e pelo desejo de vencer o perverso feiticeiro e, com ele, as injustiças do mundo.


      Em Toboso, à procura de sua amada, Dom Quixote encontra três lavradoras montadas em asnos, carregando repolhos para o mercado. Sancho diz que se trata de Dulcinéia e suas damas de companhia, tentando convencer Dom Quixote. Ao se ajoelhar diante de sua sonhada dama, o cavaleiro leva uma repolhada na cabeça. Sancho diz se tratar de um anel de esmeralda enfeitiçado em repolho, e Dom Quixote guarda a “prenda” na bolsa, duvidoso, todavia satisfeito.


      Disfarçado em cavaleiro dos Espelhos, o baixinho Sansão desafia Dom Quixote, no intuito de levá-lo para casa e, com isso, agradar a sobrinha do fidalgo. Mas, traído por seu cavalo, que prefere comer grama ao duelar, perde o combate. Adiante, Dom Quixote encontra um duque e uma duquesa que, por já terem lido o livro com suas aventuras, resolvem se divertir à custa da dupla: disfarçado em feiticeiro Merlin, o duque inventa um suposto cavalo mágico de madeira que levaria Dom Quixote até o perverso feiticeiro. Vendam o cavaleiro e o escudeiro sobre a “mágica montaria” e chacoalham o cavalinho de balanço, enquanto os dois pensam estar voando. Ao atear fogo no rabo do cavalo, recheados de fogos de artifício, o cavaleiro e o escudeiro são lançados à distância.


      Seguindo viagem, com mais alguns arranhões, Dom Quixote e Sancho Pança ouvem um grito assustador, É o cavaleiro da lua cheia (na verdade, Sansão, agora mais bem preparado e decidido). Que desafia O cavaleiro da Triste Figura: quem perder o combate terá de pôr fim à sua vida de cavaleiro andante. Sansão vence, o fidalgo volta ao lar. No final da história, recuperando a razão, Dom Quixote renuncia aos romances de cavalaria e morre como um piedoso cristão.

 

Frases de Dom Quixote de La Mancha

Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade. (Dom Quixote de La Mancha)

 

Nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga "eu não acredito no amor", a vida sempre nos surpreende. (Dom Quixote de La Mancha)

 

Pois que o amor e a afeição com facilidade cegam os olhos do entendimento. (Dom Quixote de La Mancha)

 

A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. (Dom Quixote de La Mancha)

 

O medo é que faz que não vejas, nem ouças porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são! (Dom Quixote de La Mancha)

 

Quando você realmente amar alguém e for recíproco, você vai ver como é bom amar.Pra amar não precisa namorar, e bla bla bla, mais o namoro é a melhor forma de expressar o sentimeto, quando você sentir suas pernas tremerem, sua barriga gelar, teu corpo ficar mole, aí sim você vai enteder a magia de amar. (Dom Quixote de La Mancha)

 

Miguel de Cervantes (autor) de Dom Quixote de La Mancha

Miguel de Cervantes Saavedra foi um importante poeta, dramaturgo e novelista espanhol. Nasceu em 29 de setembro de 1547 (data suposta) na cidade espanhola de Alcalá de Henares. A sua obra-prima, Dom Quixote de La Mancha, muitas vezes considerado o primeiro romance moderno, é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerado um dos melhores romances já escritos. Seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura. A sua influência sobre a língua castelhana tem sido tão grande que o castelhano é frequentemente chamado de La lengua de Cervantes (A língua de Cervantes).

 

Cervantes morreu na cidade de Madri, em 22 de abril de 1616. Considerado um dos maiores escritores da literatura espanhola, destacou-se pela novela, mundialmente conhecida, Dom Quixote de La Mancha.

 

Cronologia

 

1547 - Nasce Miguel de Cervantes Saavedra.

1551 - O pai, Rodrigo, é preso por causa de dívidas de jogo.

1566 - A família instala-se em Madrid.

1569 - Após incidente no qual teria ferido um homem, deixa Madrid e vai morar em Roma.

1571 - Participa da batalha de Lepanto, contra os turcos. Ferido em combate, tem a mão esquerda inutilizada.

1575 - Capturado por corsários, é levado para Argel, com seu irmão Rodrigo, onde fica cinco anos em cativeiro.

1581 - Vai para Lisboa, onde escreve peças de teatro.

1584 - De um romance com Ana Franca, nasce Isabel de Saavedra. Casa-se com Catalina de Palácios Salazar.

1585 - Publica La Galatea. Morte do pai.

1587 - É nomeado comissário real encarregado de recolher azeite e trigo para a Armada Invencível.

1593 - Morte da mãe. Publicação do romance La casa de los celos.

1597 - É preso em Sevilha, após ser condenado a pagar dívida exorbitante.

1598 - Deixa a prisão. Morte de Ana Franca.

1605 - É publicada a primeira parte de Dom Quixote de La Mancha.

1613 - Ingressa na Ordem Terceira de São Francisco. Publicação de Novelas exemplares.

1614 - Surge uma continuação de Dom Quixote, escrita por Avellaneda.

1615 - Cervantes publica a segunda parte de Dom Quixote de La Mancha.

1616 - Morre em Madrid, no dia 23 de abril.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

En español podemos nos dirigir a las personas ...

En español  podemos nos dirigir a las personas de dos maneras, de manera informal o formal.
La manera informal corresponde al pronombre personal TÚ. Implica acercamiento al interlocutor y se usa en contextos familiares, informales o de confianza.
La manera formal corresponde al pronombre personal USTED (sing.) y USTEDES (pl.). Implica cierto distanciamiento, cortesía y formalidad.

¿Cómo saber cuándo usar cada forma?

Usamos TÚ para dirigirnos a familiares y amigos, niños y jóvenes y conocidos con los que se tiene confianza.
La franja de edad para pasar del uso de TÚ al uso de USTED no está claramente determinada. Todo depende del grado de confianza que se tiene con nuestros interlocutores y el contexto en el que nos encontramos. La mayor confianza y contexto informal, tendencia hacia al uso de TÚ. La menor confianza y contexto más formal, tendencia hacia el uso de USTED.

sábado, 25 de maio de 2013

POETAS HISPANICOAMERICANOS E VIA LÁCTEA - POESIA DE OLAVO BILAC

 POETAS HISPANOAMERICANOS
http://www.cubaeuropa.com/cubarte/poesia/PoesiaLatinoamericana.htm



 VIA LÁCTEA - POESIA MUSICADA - CANTA KID ABELHA
                                                  Olavo Bilac


Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 

E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 

Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e entender estrelas"





Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac
nasceu em 1865.Foi jornalista, poeta brasileiro e membro fundador da Academia Brasileira de Letras, criando a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Conhecido por sua atenção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista.Escreveu a letra do Hino à Bandeira e foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros em 1907. Morreu no Rio de Janeiro em 1918.
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sábado, 4 de maio de 2013

PABLO NERUDA



POEMA 20    -  PABLO NERUDA

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.






Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.


 1

terça-feira, 30 de abril de 2013

Vinicius de Moraes en español


SONETO DE LA FIDELIDAD


De todo, a mi amor estaré atento
Antes, y con tal celo, y siempre, y tanto
Que mismo lo haga de mayor encanto
De él se encante más mi pensamiento.

Quiero vivirlo en cada momento
Y en su alabanza he de esparcir mi canto
Y reír mi risa y derramar mi llanto
A su pesar o su alegría

Y así, cuando más tarde me busque
Quien sabe la muerte, angustia de quien vive
Quien sabe la soledad, fin de quien ama


Yo pueda decir del amor (que tuve):
Que no sea inmortal, aunque es llama
Pero que sea infinito mientras dure.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Fernando Pessoa em português e español


               Autopsicografia

                                                              

O poeta é um fingidor.                          
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
El poeta es un fingidor.
Finge tan completamente
Que llega a fingir que es dolor
El dolor que de veras siente.

Y los que leen lo que escribe,
En el dolor leido sienten bien,
No las dudas que él tuvo,
Mas sólo la que ellos no tienen.

Y así en las canaletas de la rueda
Gira, entreteniendo la razón,
Ese comboy de cuerda
Que se llama corazón.

sábado, 27 de abril de 2013

VENHA VER O PÔR DO SOL - LYGIA FAGUNDES TELLES


Venha ver o pôr do sol



ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.

Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
- Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que ideia, Ricardo, que ideia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.

Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância…Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete léguas, lembra?
- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. – Hem?!
- Ah, Raquel… – e ele tomou-a pelo braço rindo.
- Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado…Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. – Ricardo e suas ideias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
- Ver o pôr do sol!…Ah, meu Deus…Fabuloso, fabuloso!…Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério…
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura…
- E você acha que eu iria?
- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada…- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.
- Quer dizer que o programa… E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
- Mas eu pago.
- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas ideias vai me consertar a vida.
- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo…
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.
- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambiguidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.
Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
- Ele é tão rico assim?
- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro…
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã…Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.
- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
- Nenhum – respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: – A minha querida esposa, eternas saudades – leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.
Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.
Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas…Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.
Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. – Chega Ricardo, quero ir embora.
- Mais alguns passos…
- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: – Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
- Sua prima também?
- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos…Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas…Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
- Vocês se amaram?
- Ela me amou. Foi a única criatura que…- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.
Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o
- Eu gostei de você, Ricardo.
- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?
Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
- Esfriou, não? Vamos embora.
- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.
Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.
Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?
- Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.
- E lá embaixo?
- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?
Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
- Todas estas gavetas estão cheias?
- Cheias?…- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.
Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
- Vamos, Ricardo, vamos.
- Você está com medo?
- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer… Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?…- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos…Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando…
Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
- Pegue, dá para ver muito bem…- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.
- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça…- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida…- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti…
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. – Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra…
Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
- Boa noite, Raquel.
- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!… – gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
- Não, não…
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
- Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
- Não…
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
- NÃO!
Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.

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Lygia  Fagundes Telles nasceu na capital paulista no dia 19 de abril de 1923, passando boa parte da sua infância no interior de São Paulo, sendo filha de pai promotor e delegado as mudanças de cidade eram bastante comuns e frequentes.

Lygia tomou gosto pela escrita bem cedo, visto que criou seus primeiros textos ainda na adolescência, e aos 15 anos, em 1938, com auxilio de seu pai Durval, publicou Porão e sobrado, este que seria o seu primeiro livro, assinado como Lygia Fagundes.

Um ano depois, em 1939 concluiu o seu curso fundamental, vindo a ingressar na Escola Superior de Educação Física em São Paulo em 1940, e paralelamente com o curso de Educação Física frequentou um curso preparatório para ingressar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde iniciou o curso de direito no ano seguinte(1941), ano este que veio a concluir o curso de Educação Física.

Oficialmente a sua estreia literária aconteceu no ano de 1944, quando publicou o livro de contos Praia Viva.

Já seu segundo livro chamado O Cacto Vermelho, foi lançado no ano de 1949, no ano seguinte, 1950, casou-se com Goffredo da Silva Telles Jr, com quem teve um único filho, sendo que veio a se separar(não de forma oficial) depois de 10 anos, em 1960.

O seu primeiro romance da autora foi Ciranda de Pedra, que foi lançado em 1954, posteriormente publicou outros três romances, Verão no Aquário(1964), As Meninas(1973), e As Horas Nuas(1989), sendo que Ciranda de Pedra, As Meninas e As Horas Nuas são considerados os principais trabalhos da autora.